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Monografia Abril: Revista Manequim

2.3. Entre Manequins, moda e moldes
“Vou contar-lhe uma história da qual me lembro como se fosse ontem: meu marido Victor chegou para mim e disse simplesmente: Sylvana, no Brasil não tem nenhuma revista de moda. É oportuno fazer uma. Aliás, você vai fazer uma! Era 1959. Um pouco amedrontada, mas entusiasmada com o desafio, não tive outro jeito, arrumei as malas e fui para a Europa fazer um estágio em várias editoras que publicavam revistas de moda e, na volta, nasceu Manequim”. Sylvana Civita – São Paulo, agosto de 1984
A revista Manequim, conforme o depoimento de Sylvana Civita, foi a primeira revista de moda do Brasil e a segunda do catálogo Abril. A Capricho, apesar de ser focada no público feminino, não era ainda uma revista de moda, a Manequim foi criada portanto com esse objetivo. Lançada em 1959, era totalmente inspirada nas revistas europeias, desde as fotos até os moldes de roupa. Essa era a grande atração da revista e servia tanto para as madames que levavam os modelos para as costureiras, quanto para as próprias costureiras aprenderem a fazer os modelos que estavam na moda. Na primeira edição da revista, o destaque foi uma matéria de quatro páginas com a famosa atriz brasileira Eva Wilma, muito popular nas décadas de 1950 e 196. O texto de apresentação dizia o seguinte:
“Neste mês, Manequim traz para vocês Eva Wilma, assim com trará outras artistas e tôdas terão um motivo em comum: a moda, pois uma artista tem que lhe seguir os ditames; onde quer que ela vá, sempre há olhos que a seguem (como a tôdas as mulheres, na realidade) e os fãs exigem que suas preferidas estejam sempre belas”.
Esse vínculo com grandes artistas e as leitoras acompanhava todas as edições. Na edição de dezembro de 1959, o vestido de noiva e o enxoval de casamento de Brigitte Bardot tiveram seus moldes publicados na revista e foi um grande sucesso entre o público.
Manequim sofreu algumas críticas por muitas vezes trazer capas e editoriais com roupas mais adequadas ao clima europeu, impossíveis de serem usadas no Brasil. A partir dos anos 1970, o editorial da revista passou por uma mudança para acompanhar melhor a realidade nacional. A mulher setentista estava começando a ter ambições profissionais e a se introduzir no mercado de trabalho. Para acompanhar essa mudança no perfil das leitoras, a publicação começou a fazer editoriais de moda e capas com “roupas de trabalho”, tais como blazers, tailleurs, calças e camisas.
Com o surgimento de outras revistas de moda, Manequim foi perdendo esse título e começou a ser mais conhecida como uma revista de “faça você mesmo” em razão dos moldes que a acompanham até os dias de hoje. Seu público não é mais a mulher que quer se manter antenada nas tendências mundiais, mas sim as mulheres que costuram.
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