Ilê das Filhas - Carta Topográfica Modificada do Rio de Janeiro, de Manoel Vieira Leão - 1767
A cidade do Rio de Janeiro, entre os anos 1750 e 1850, registrou o pico de recepção de escravizados vindo de África. Dentro desse mesmo período, se formava a comunidade da boca do mato, localizada ao pé da Serra dos Pretos Forros, que liga a atual região de Jacarepaguá ao Engenho Novo (hoje uma rodovia sobre a serra) e que, nas palavras de Martinho da Vila em seu livro Memórias Póstumas de Teresa de Jesus, “tudo indica que a serra dos pretos forros tenha sido um quilombo”.

Chegando em 2019, temos o Ilê das Filhas sendo mapeado e registrado por Pedro Domingos e Marcelo Billi dentro do Complexo do Lins, casa essa que abriga corpos pretos LGBT de várias localidades do RJ e que, além de moradia, fomenta arte, construções, produções e afeto para quem ali passar.

Se um mapa tem a função de situar, ORÍentar e delimitar limites, a reconstrução dessa carta é uma tentativa de ‘ancestro-referenciar’ um lugar. Temos as bordas do mapa encerradas pelos objetos e corpos que compõem o ilê das filhas nos anos de 2019/2020 e o traçado da rota geográfico-temporal de onde, supostamente, estaria o quilombo da serra dos pretos forros no fim do século XVII e onde, hoje, está o ilê das filhas, nosso quilombo contemporâneo.


Ilê das Filhas
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