Haverá quem reclame do perfume
das tuas partes íntima na alcova.
Dirão que se assemelha ao cheirume
do chão depois da feira antes que chova.
Jamais entenderei esse queixume.
Impossível que alguém não se comova.
Ou melhor: que algum pau não se avolume
Ao sentir teu bálsamo de anchova.
Não me incomodo, amor, se tua gruta
certos dias nublados cheire a truta.
Toma a vara. Ensina-me a pescar.
Entendo que, pra alguns, não seja fácil.
Mas sempre gostei muito de crustáceo
– dentro de ti me sinto em alto mar.
Revista Casa D’Italia, Juiz de Fora, Ano 3, n. 19, 2022 – Gregório Duvivier | Soneto Marítimo