Micaela Almeida's profile

Mulheres da Cultura Popular Pernambucana (Lambe-lambe)

 ColaNelas 
Mulheres da Cultura Popular
do Interior de Pernambuco
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Este é um projeto de intervenção urbana com o uso do Lambe-lambe, onde foram propostos 4 painéis em média escala, cada um composto da imagem de uma artista da cultura popular do interior do estado e seus símbolos, a fim de propagar suas ricas histórias e assim o pertencimento da cultura regional. Os painéis, idealizados pela Artista recifense Micaela Almeida, foram colados durante o Festival de Inverno de Garanhuns, em julho de 2022, com assistência e contribuição das Artistas Anne Souza e Miss, moradoras de Olinda.

Todas, antes de tudo, poetas, escritoras de suas próprias histórias com o uso das mãos, do corpo e das memórias, as quatro mulheres artistas dos 4 painéis representam a intenção do resgate cultural que corre nas veias abertas nordestinas, o renascer do sentimento de pertencimento e da união geográfica, territorial e coletiva. O objetivo deste projeto é reconhecer a existência sobretudo das mulheres artistas pernambucanas do interior, as poetas, as costureiras, as mestras, as que tão fortemente resistiram e resistem ao machismo em suas produções e vidas para que hoje também pudéssemos nos conectar com a arte e continuar a luta pelas nossas liberdades criativas de mulher.

Agradecimentos especiais à Pollyane Carlos, Marcos Luiz e Estella Koral pelas gigantes contribuições ao projeto.

NICE TELES
Mestra de Cavalo Marinho e Maracatu
Condado
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ZABÉ DA LOCA
Rainha do Pífe
 Buíque/PE e Monteiro/PB
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ANA DAS CARRANCAS
Dama do Barro
Ouricuri e Petrolina
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MOCINHA DE PASSIRA
Rainha do Repente
Passira
NICE TELES 
Mestra de Cavalo Marinho e Maracatu

Filha de cortador de cana, Mestra Nice Teles é uma artista popular negra criada nas tradições interioranas da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Desde os 10 anos acompanhava os pais nos folguedos na cidade de Condado. Desafiando a predominância masculina no Cavalo Marinho e no Maracatu Rural, atua como cantadeira e dançarina. Iniciou sua trajetória como brincante do Cavalo Marinho Estrela Brilhante e hoje está à frente do Maracatu Estrela de Ouro.

Documentário "Nice do Cavalo Marinho":
 ZABÉ DA LOCA 
Rainha do Pífano

Isabel Marques da Silva, natural da região agreste de Buíque (PE), conhecida como Zabé da Loca aprendeu a tocar o pífano com um irmão, aos sete anos de idade. De origem humilde e analfabeta, recorda com saudade dos irmãos e irmãs que auxiliavam ao pai na roça-sobreviventes, dentre outros que morreram de sede, doenças ou fome – enquanto a mais velha das mulheres auxiliava a mãe nos serviços de casa. Jovem rumou para o Cariri, no sertão da Paraíba, onde se casou e teve dois filhos. Em 1966, mesmo ano em que perdeu o marido e também a casa onde morava, mudou-se com a família para uma loca entre duas pedras, em Monteiro, localizado a cerca de 320 quilômetros da capital João Pessoa (PB), na qual permaneceu por 25 anos. Daí o "sobrenome" que ganhou dos moradores: Zabé da Loca. Descoberta em 1994, pela ação da Coordenação de Ação Cultural da Secretaria de Reordenamento Agrário, entidade que em parceria com a Fundação Quinteto Violado identifica manifestações culturais na área do semi-árido nordestino, Zabé da Loca, aos 71 anos gravou seu primeiro disco, que com edição limitada, nem sequer chegou às lojas. Consagrada como a grande atração do Festival de Brincantes, realizado em Recife (PE), em 2003, teve a oportunidade de gravar seu primeiro CD, aos 79 anos, reunindo cirandas, xotes, cocos e baiões. Em 2004, apresentou-se com seu grupo na capital do país e acompanhou o músico Carlos Malta, em duas apresentações no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília (DF). Contudo, isso não foi tudo, afinal, no mesmo ano, Zabé participou com Hermeto Paschoal do Fórum Mundial de Cultura realizado em São Paulo (SP) e recebeu o título Mestres das Artes da Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Paraíba. No ano de 2005 faixas de seu disco foram selecionadas e incluídas em Nordeste Atômico, disco lançado no Japão. Recebeu Reconhecimento nacional, título de Cidadã Paraibana (2003) e o Prêmio Mulher Forte Ana Maia (2003), dentre outras homenagens. Em 2008 foi condecorada com a Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura e também foi eleita "Revelação da Música Brasileira", no Prêmio da Música BrasileiraZabé faleceu aos 93 anos em Monteiro, no ano de 2017.

Mini Doc "Zabé da Loca, a Rainha do Pífano":
 ANA DAS CARRANCAS 
Dama do Barro

Ana Leopoldina dos Santos (Ouricuri, PE 1923 - Petrolina, PE 2008), mais conhecida como Ana das Carrancas, foi uma importante artesã ceramista de Pernambuco.
Ana louceira, “dama do barro”, Ana das Carrancas, muitos foram os títulos atribuídos à Ana Leopoldina dos Santos. Pernambucana do sertão de Ouricuri, Ana sempre teve no barro o seu instrumento de trabalho e de expressão artística. Filha de artesã, desde os sete anos já ajudava a mãe na produção de brinquedos de barro que eram vendidos na feira. Anos depois, jovem viúva e com duas filhas, tornou-se famosa pela produção de panelas e outros utensílios de cerâmica. Mas é no segundo casamento, com José Vicente, que sua história se transforma. Na busca por melhores condições de vida, Ana das Carrancas muda-se para Petrolina e pede ajuda aos santos para que iluminem sua vida e a ajudem a encontrar uma solução para sua condição humilde. No dia seguinte, às margens do rio São Francisco, observando as embarcações que navegam em suas águas, Ana percebe a imponência das carrancas, esculturas de madeira representando criaturas míticas que são colocadas nas proas dos barcos para espantar os maus espíritos do rio. Inspirada, ali mesmo produz sua primeira carranca de barro. O sucesso é tamanho que exige a formação de uma equipe para produção em larga escala. A família da artesã a apoia, e Ana imprime sua identidade no barro, materializando as carrancas, através de um processo longo de produção. O mais curioso é que todas as suas peças possuem os olhos vazados, como uma homenagem ao seu marido, deficiente visual. A obra peculiar da artista ganha reconhecimento nacional e internacional e se espalha pelas feiras e exposições pelo país, conquistando também admiradores europeus. Em 2006, Ana das Carrancas recebe o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Dois anos mais tarde, vem a falecer aos 85 anos, tendo transmitido seus conhecimentos a suas filhas que dão continuidade à marca da “dama do barro”. Dentre suas célebres frases marcantes está a famosa : " O barro é a minha vida, eu me sinto realizada com meu barro", frase divulgada pelo dentista e jornalista Luciano Quadros, que segundo a Rolling Stone 2012 é uma das frases de maior impacto do século XX.

Guia Petrolina - Ana das Carrancas:
 MOCINHA DE PASSIRA 
Poeta - Rainha do Repente

Mocinha de Passira, na sina de "cantar e ser a primeira mulher da viola do mundo", deu início a sua trajetória na poesia, nos versos e repentes aos 12 anos, no sítio em Várzea de Passira, quando ganhou do pai, seu maior incentivador, a primeira viola. Desde então tocava com muitos homens repentistas da época e, sendo muito atenta ao universo machista em que estava inserida, começou a criar versos feministas como resposta aos assédios que sofria, reivindicando desde muito cedo seu próprio espaço na história do repente. Herdou da mãe, Alexandrina Maria da Silva, a busca por independência financeira. Em tempos ainda mais marcados pelo machismo, “a mãe já tinha sua independência, criava uns bezerros ali atrás e se um boiadeiro passasse por aqui querendo comprar, pai falava logo tem que ver com a mulher, é dela, ela que decide”.

Em 1976, só após quase 20 anos de estrada, Mocinha teve a oportunidade de registrar seus versos em um disco. Foi a única mulher repentista a participar das gravações de um marco importante para a discografia do gênero, o LP Viola, Verso, Viola, do Estúdio Rozenblit.

Mocinha de Passira é o único nome da Cantoria de Viola agraciado como Patrimônio Vivo de Pernambuco, título que recebeu em 2016.

Teaser de "Mocinha de Passira", filme de Pollyane Carlos. Angola Filmes:
Recife, Pernambuco // Garanhuns, Pernambuco // Julho de 2022
Este projeto foi contemplado através de edital proposto para compor a programação do 30º Festival de Interno de Garanhuns (PE).
Mulheres da Cultura Popular Pernambucana (Lambe-lambe)
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