Rakeche Nascimento's profile

Nina S. e as portas que ela abriu para cantoras negras

Nina Simone e as portas que ela abriu para milhares de cantoras negras da atualidade



A voz inigualável e irreverente do blues e do jazz, Eunice Kathleen Wayman, mais conhecida como Nina Simone, morreu em 2003, decorrente ao avanço de um câncer de mama. Contudo, deixou um legado insubstituível em um local que anteriormente não se enxergava mulheres de cor escura. A cantora lutava diariamente para ser reconhecida como mulher negra e artista, em meados do século XX, época em que a segregação racial estava mais explicita do que atualmente e não nascer branco era considerado quase um pecado.

Capaz de colocar todos seus sentimentos na música e em suas composições, Nina abriu portas para diversas cantoras que vieram depois dela. Precursora do blues, a artista falava sobre suas dores e intensidades, o quanto doía os olhares preconceituosos e o seus sentimentos tão avassaladores diante da sociedade. Nina falava, também, sobre o black power e sobre o amor, muitas vezes na mesma composição, com a mesma grandiosidade e divindade. A artista mostrava que podia lutar com suas músicas e que suas composições seriam a voz que clamava pelos direitos civis.
Atualmente, podemos ver o quanto existem cantoras que relatam sobre os preconceitos vividos socialmente em suas canções. Beyoncé, por exemplo, ao lançar o álbum Lemonede (2016) cantou “eu quebro as algemas por mim mesma, não deixarei minha liberdade queimar no inferno” e para que ela pudesse quebrar suas correntes e assumir sua ancestralidade, tiveram que passar artistas fortes antes dela falando “liberdade para mim, é não ter medo” e uma dessas mulheres é, com certeza, Nina Simone.

Existe a influência da artista, também, no mudo do Jazz, o ritmo é predominado por homens e Nina contribuiu para mostrar que as mulheres podem canta-lo de uma forma tão envolvente como qualquer outro e acabou recebendo o apelido de “Alta Sacerdotista da Alma”. A cantora de jazz da atualidade Esperanza Spalding já falou em inúmeras entrevistas o quanto agradece a Nina por “não desistir do jazz e contribuir para amaciar esse mundo da música excludente”.

Diversas outras cantoras e mulheres, como Rihanna e Iza, agradecem a artista pela sua incessante luta para mostrar que ser negro não é pecado e por ela não ter desistido de seguir seu maior sonho, o de cantar.

Rakeche Nascimento, texto escrito em homenagem aos 87 anos da Cantora Nina Simone
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