Exit through a wall
Income tax and the wheel of fortune
Oil on canvas
110 x 150 cm
The Exit through the wall series was inspired by the 2008 world financial crisis. In between austerity measures, occupations and the progressive discourse of a new pope, there is a growth in the numbers of those who question not only this system based on consumption - and the oppression that is exercised by it - but also the failed solutions of the past. In this series three pieces the economic tripod formed by work, state and capital has been approached poetically through the animalization of its symbols. The plane rebounds as off a wall and the forms´ spiraling movements express this system´s social metabolism.
The first panel presents New York Wall Street´s bull. The symbol, a sculpture standing on the avenue that centralizes contemporary capital power, also represents the market´s attitude (bullish) that brought the world into crisis. Attitude and symbol are here subverted by the inversion of the bull´s figure that contorts itself in order to ascend on the plane. The chosen hues are as artificial as the unreal risk grades given by the risk classification agencies which analyze the market. Wall Street and the world upside down press the bull in between frenetic and winding lines and figures which represent the complexities of the great tangle that has become the financial market in a globalized world.
In this serie´s second panel the lion figure - chosen in a Brazilian IRS marketing action as the symbol for Income Taxes because it would imply to the population zero tolerance regarding its evasion - is attributed with the same characteristics that were determinant in its choice by the IRS. It is an animal that imposes respect by its simple presence, that is fair but not foolish, and that wouldn't bite out of nothing. In Income taxes and the wheel of fortune the figures surrounding the lion are totally flat - although the line´s inflection suggests volume - and worked with a single hue that equalizes them, as should all citizens be with respect to this tribute. However, the deep blue negative and the intermediary red planes, both occasionally advancing in the figure´s masks, are subtle spatial alternances which express the different behavior of characters in this wheel of fortune, of fortunate, dodged and desperate.
The third panel of this series addresses the fiscal paradises. “A pirate and his basket of oranges*” uses the parrot shape as a symbol to bestialize offshore companies distributed around the world, though regionally speaking the toucan** can also be credited with this role. The wheel of capital keeps turning even after the Panama Papers, a leak of 2,6 terabytes of official detailed information relating offshore companies to public figures, multimillionaire business men, and why not, heads of state… It was a very hard choice*** to decide that orange and green were to be the predominant hues in this pallet, a challenge to express the feeling of a burning stomach and the urge to vomit while at the same time making sure that a beautiful and unique body could emerge from and resist the chaos.
*”Orange” is a colloquial Brazilian term similar to “mule” regarding money laundry.
** “Toucan” is a colloquial Brazilian term for designating the members of the right wing PSDB party.
*** ”A very hard choice” The title of a notorious editorial article in an important Brazilian newspaper on the eve of the 2018 presidential election in Brazil.
Saída pela Parede
Imposto de renda e a roda da fortuna
Óleo sobre tela
110 x 150 cm
A série Saída pela parede foi inspirada pela crise mundial financeira iniciada em 2008. Entre arrochos, ocupações e o discurso progressista de um novo papa, cresceu o número dos que questionam não somente o sistema baseado no consumo – e a opressão exercida por ele – como as soluções fracassadas no passado. Nas três obras da série o tripé trabalho, estado e capital foi poeticamente abordado por intermédio da animalização dos seus símbolos. O plano é rebatido como uma parede e o movimento espiralado das formas expressa o metabolismo social desse sistema.
O primeiro painel apresenta o touro da bolsa de Nova Iorque. O símbolo, escultura presente na avenida que centraliza o poder capital contemporâneo, representa também a atitude de mercado (bullish) que levou o mundo à crise. Atitude e símbolo são aqui subvertidos pela inversão da figura do touro que se contorce para ascender no plano. Os matizes escolhidos são tão artificiais quanto a irrealidade das notas dadas pelas agências de classificação de risco que analisam o mercado. Wall Street e o Mundo de Pernas para o Ar oprime o touro entre sinuosas e frenéticas linhas e figuras que representam a complexidade do grande emaranhado que se tornou o mercado financeiro num mundo globalizado.
No segundo painel da série temos a figura do leão – escolhida numa ação de marketing da receita federal brasileira como o símbolo do imposto de renda porque passaria à população a imagem de que não haveria condescendência com sua sonegação – atribuída das mesmas características que determinaram sua escolha pela receita, um animal que impõe respeito pela simples presença, que é justo, porém não é tolo, e que não morde à toa. Em Imposto de renda e a roda da fortuna as figuras que circundam o leão são totalmente planas – ainda que a inflexão da forma sugira volume – e trabalhadas num único matiz que as iguala, como seriam todos os cidadãos perante o tributo. No entanto o negativo de azul profundo e os planos intermediários em vermelho, ambos ocasionalmente avançando nas máscaras das figuras, são sutis alternâncias espaciais que expressam o comportamento distinto dos personagens dessa roda da fortuna, dos afortunados, esquivados e desesperados.
O terceiro painel da série aborda os paraísos fiscais. “Um pirata e sua cesta de laranjas” usa a forma do papagaioo como símbolo para bestificar as empresas offshore espalhadas pelo mundo, ainda que um regional tucano possa também ter seus créditos reconhecidos. A roda do capital segue girando mesmo após a Panama Papers, um vazamento de 2,6 terabytes de informações oficiais detalhadas que relacionam empresas offshore a figuras públicas, empresários multimilionários e, porque não, chefes de estado... Foi uma escolha muito dificil, digo, decidir que o laranja e o verde seriam os matizes predominantes desta palheta, um contraste complicado para o bom gosto, foi um desafio expressar a sensação de queimação e enjoo estomacal em cores e ao mesmo tempo fazer com que um corpo belo e único surja desse caos, e resista.
