Acontece mensalmente no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o Slam Laje. Uma movimentação cultural da comunidade com batalhas de poesias que reúnem poetas favelados e da periferia, batalhas de passinho e apresentações culturais. O Slam é a favela viva, falando de si, por si, expressando-se, tanto sobre as violências que sofre quanto sobre as potências que cria e pulsa.

Esta edição ocorreu dias depois de uma operação policial no Complexo de Favelas da Maré, operação que resultou no menino Marcos Vinícius da Silva, assassinado com um tiro nas costas de seu uniforme escolar. A operação teve apoio de um helicóptero blindado, o "caveirão aéreo", de onde policiais dispararam indiscriminadamente sobre a favela. Ela teria sido realizada para o cumprimento de 23 mandados de prisão, mas ninguém foi preso. Além de Marcos, 6 outras pessoas foram mortas.

As cenas descritas lembram um escandaloso vídeo vazado pelo WikiLeaks anos atrás: a filmagem de um helicóptero americano sobrevoando e atirando em civis no Afeganistão. 
Mas não se trata de uma guerra. E não se trata de um país em outro continente. É um calculado, cotidiano e cruel assassinato em massa da juventude negra e favelada, revoltantemente mascarado de política de segurança pública. Tudo em pleno Rio de Janeiro, lar da polícia que mais mata e mais morre do mundo.

Mas a favela resiste e vive, produz beleza, alegria, cor e força diariamente.

E o Slam Laje é uma expressão disso.
Letícia, momentos antes de apresentar sua arrebatadora poesia no Slam Laje, batalha de poesias que ocorreu na Nova Brasília, comunidade do Complexo do Alemão, poucos dias depois do assassinato de Marcos.
MC Martina e MC Carol Dall Farra
Nova Brasília, comunidade do Complexo do Alemão
Passinho
Bolo de aniversário do Movimentos, cortado e distribuídos a todos no Slam Laje
Slam Laje
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