Larissa Limas's profile

Análise e explicação de Annihilation

          Baseado na obra na trilogia de  VanderMeer’s, “Aniquilação” traz Natalie Portman e Oscar Isaac nos papeis principais e ainda, Jennifer Jason Leigh, Gina Rodriguez, Tessa Thompson e Tuva Novotny. Escrito e dirigido por Alex Garland, mesmo diretor de Ex Machina, o filme traz a visão pessimista sobre a humanidade de Garland. Com 87% de aprovação do Rotten Tomatoes, o filme estreou nos cinemas do Canadá e Estados Unidos e distribuído pela Netflix no restante do mundo.
          [Crítica sem spoiler] Annihilation é um filme que precisa ser visto “mais de perto”, é preciso um tempo para assimilar, conversar com terceiros, entender os simbolismos para compilar toda a grandeza e a complexidade do filme. É um filme sobre autodestruição e relações, toda a ciência do filme pode ser usada como metáfora. Mas inicialmente, é necessário enxergar um filme como uma grande obra de terror. É um filme de terror, ele cria uma tensão perfeita, tem cenas extremamente gore, tem cenas que dão susto, tem cenas que fazem o coração disparar e dar aquela tremida com qualquer barulho que você ouve em casa. Tem bons momentos contemplativos, e logo de cara, minha impressão foi que esses momentos não eram suficientes para darem cara de ficção científica, mas quando você reflete sobre o filme, são entendíveis alguns simbolismos, você percebe o equilíbrio entre sci-fi e horror. É um filme com muitos erros, o terceiro ato é muito rápido, dá a impressão de ser um final corrido e a ambiguidade ter sido uma saída inteligente, e não algo realmente sólido. Mesmo assim, o filme dá margem para uma possível continuação, para que exploremos mais esse universo.
             [Análise e explicação com spoiler] Aniquilação é um filme sobre autodestruição, reflexão e relacionamentos, sobre o quanto precisamos assumir nossa identidade autodestrutiva para manter relacionamentos saudáveis. Aniquilação, ou Annihilation, tem como significado uma destruição completa de algo, mas na física, “aniquilação” é a colisão de uma partícula com sua anti-partícula, que por consequência, pode gerar uma nova vida. O filme constrói bem durante sua narrativa, dando espaço para interpretações com metáforas (várias, inclusive) e respostas literais. Toda a narrativa pode ser explicada logo na primeira cena, quando Lena está dando aula. Essa cena é importante para entendermos que a vida surge do crescimento exponencial das células, e é isso que os novos seres trazem para terra.
              Ainda no primeiro ato, uma cena em que o Sargento Kane (Oscar Isaac) e Lena (Natalie Portman) estão conversando, a câmera foca no copo, onde a luz reflete na água e a gente vê uma distorção das mãos dos dois, a gente perde a distinção qual mão é de quem, como se eles se tornassem um só. Inclusive, é importante reparar as cores da forma física original dos alienígenas. Eles têm um efeito furta cor, que reflete e absorve a luz, assim como eles fazem o efeito de refração o tempo inteiro, podendo absorver muitas informações e misturar todas elas, assim como o Shimmer parece uma bolha de sabão e tem essas características de refração e distorção, assim como a luz é distorcida quando olhamos por uma bolha de sabão. Eles fazem isso de uma forma a expandir a espécie, mas mais de uma forma evolutiva, eles não têm a intenção de dominar o mundo de modo maligno, mesmo parecendo muito cruel, eles não têm essa interpretação porque não têm a moral humana, eles são mais instintivos e curiosos, querendo aprender, evoluir, dominar, mas nunca com intuito do poder, mais com instinto de natureza, eles apenas modificam o meio, é um organismo buscando expansão, mas fazem de forma muito agressiva.
                  Tudo se trata de autoaniquilação. Dra Ventress diz isso à Lena quando ela diz que nem sempre é um desejo suicida, mas sim um sentimento de autodestruição, autoaniquilação, um desejo de se autossabotar, como ela mesma diz, com cigarro, álcool, traição em um casamento feliz. Como Sargento Kane, que ao descobrir a traição da esposa, vai para cada vez mais missões, até que por fim, encontra uma missão suicida. Mesmo que Lena não houvesse entrado no “Shimmer”, só por Kane ter entrado, morrido e um clone ter tomado seu lugar, já teria feito com que essa aniquilação tivesse transformado em uma terceira coisa. Uma nova fase desse casamento, dessa relação nasce a partir do ímpeto destrutivo de Kane. Ainda pode-se ir mais longe, fazendo uma análise na morte de cada personagem:           
Cass Sheppard: a primeira a morrer da equipe de Lena, é quem diz para Lena que todo mundo ali tem problemas e que não tem nada a perder. Ela conta a motivação de cada uma, e diz que seu motivo por ter desistido de tudo foi porque sua filha morreu de câncer. Ela é morta por um urso que por causa de sua mutação, ele replica os gritos de sua morte, assim como o pedido de socorro de sua filha ecoaram nela, e a dor da sua filha a tornou outra pessoa.

Anya Thorensen: ao assistir o vídeo da mutação da genética de um dos integrantes da equipe de Kane, ela acredita que todos enlouqueceram, e ela frisa muito que uma das hipóteses é que todos tenham enlouquecido e matado uns aos outros, assim como ela começa ela perde a cabeça e se droga, com a mesma perda de senso da realidade ela amarra todos os membros de sua equipe esperando respostas e temendo por ser quem enlouqueceu. Ela morre pelo ataque do mesmo urso, achando que é um grito de Sheppard, ela vai atrás e não pondera a situação, assim como seu vício em droga faz com que ela perca a distinção e a destrói de forma bruta.

Josie Radek: Josie se envergonha dos seus cortes, por isso está constantemente de manga comprida. Sheppard cita que Josie não se corta para morrer, mas para se sentir viva, assim como ela se entrega para o Shimmer, não porque ela quer morrer, mas porque ela quer se sentir a partir de algo novo.

Dra Ventress: Dra Ventress estava morrendo por causa de câncer, e ela tem inclusive, a morte mais literal, onde ela se torna um tumor gigante que reflete a luz, e dentro desse tumor, o sangue de Lena se divide em células e ali cria uma nova vida. 

Sargento Kane: ele não se reconhece mais, não reconhece mais sua relação com Lena, então quando ele morre, outro ser toma o lugar dele, que era o que ele já sentia que vinha acontecendo de forma metafórica.

Lena: ela é a única que entra no Shimmer porque precisa de respostas no mundo externo, então é a única que de fato sai.
Entre muitas interpretações dos simbolismos do filme, podemos ver um reflexo de nós mesmos em colonizações e invasões. Até hoje não conseguimos conhecer um novo povo e o deixar agir como é, precisamos interferir em sua dinâmica, precisamos nos fundir em aspectos culturais e raciais, e assim duas sociedades, fazem do caos nascer algo novo. Mas diferente de nós, o alienígena percebe que está sendo hostil, e para não ser destruído, ele se insere em um plano para se camuflar. Podemos perceber que toda a narrativa nos coloca dentro desse plano para ser mais afável à humanidade. Quando eles fazem o clone de Kane, Lena entra no Shimmer e seu DNA se mistura ao do alienígena, tornando assim um ser novo, e então, eles podem se infiltrar no meio da humanidade sem serem hostis. Eles permitem que os humanos tenham a sensação de conquista com a destruição do que era algo como seu laboratório, e assim eles podem observar mais de perto, sem brutalidade de ambos os lados, já que cada vez mais os humanos enviavam equipes com mais poderio militar.
            Podemos finalizar essa análise também com a metáfora do câncer. Essa raça alienígena está crescendo e se apoderando da Terra, ao tentarmos expulsar esses seres, nós nos destruímos e nos fundimos a eles, nós o alimentamos e morremos na tentativa de vencê-los, assim como o corpo tenta combater as células cancerígenas. Ainda temos a tatuagem da Lena, que é feita após seu DNA se combinar ao DNA dessa espécie alienígena, ela passa a ficar em constante evolução, constante mutação, assim como as flores do início do filme. Essa tatuagem é um ouroboros, a cobra que eternamente come o próprio rabo, e ao final de cada ciclo, de cada destruição, nasce algo novo.




Baseado na obra na trilogia de  VanderMeer’s, “Aniquilação” traz Natalie Portman e Oscar Isaac nos papeis principais e ainda, Jennifer Jason Leigh, Gina Rodriguez, Tessa Thompson e Tuva Novotny. Escrito e dirigido por Alex Garland, mesmo diretor de Ex Machina, o filme traz a visão pessimista sobre a humanidade de Garland. Com 87% de aprovação do Rotten Tomatoes, o filme estreou nos cinemas do Canadá e Estados Unidos e distribuído pela Netflix no restante do mundo.
[Crítica sem spoiler] Annihilation é um filme que precisa ser visto “mais de perto”, é preciso um tempo para assimilar, conversar com terceiros, entender os simbolismos para compilar toda a grandeza e a complexidade do filme. É um filme sobre autodestruição e relações, toda a ciência do filme pode ser usada como metáfora. Mas inicialmente, é necessário enxergar um filme como uma grande obra de terror. É um filme de terror, ele cria uma tensão perfeita, tem cenas extremamente gore, tem cenas que dão susto, tem cenas que fazem o coração disparar e dar aquela tremida com qualquer barulho que você ouve em casa. Tem bons momentos contemplativos, e logo de cara, minha impressão foi que esses momentos não eram suficientes para darem cara de ficção científica, mas quando você reflete sobre o filme, são entendíveis alguns simbolismos, você percebe o equilíbrio entre sci-fi e horror. É um filme com muitos erros, o terceiro ato é muito rápido, dá a impressão de ser um final corrido e a ambiguidade ter sido uma saída inteligente, e não algo realmente sólido. Mesmo assim, o filme dá margem para uma possível continuação, para que exploremos mais esse universo.
[Análise e explicação com spoiler] Aniquilação é um filme sobre autodestruição, reflexão e relacionamentos, sobre o quanto precisamos assumir nossa identidade autodestrutiva para manter relacionamentos saudáveis. Aniquilação, ou Annihilation, tem como significado uma destruição completa de algo, mas na física, “aniquilação” é a colisão de uma partícula com sua anti-partícula, que por consequência, pode gerar uma nova vida. O filme constrói bem durante sua narrativa, dando espaço para interpretações com metáforas (várias, inclusive) e respostas literais. Toda a narrativa pode ser explicada logo na primeira cena, quando Lena está dando aula. Essa cena é importante para entendermos que a vida surge do crescimento exponencial das células, e é isso que os novos seres trazem para terra.
Ainda no primeiro ato, uma cena em que o Sargento Kane (Oscar Isaac) e Lena (Natalie Portman) estão conversando, a câmera foca no copo, onde a luz reflete na água e a gente vê uma distorção das mãos dos dois, a gente perde a distinção qual mão é de quem, como se eles se tornassem um só. Inclusive, é importante reparar as cores da forma física original dos alienígenas. Eles têm um efeito furta cor, que reflete e absorve a luz, assim como eles fazem o efeito de refração o tempo inteiro, podendo absorver muitas informações e misturar todas elas, assim como o Shimmer parece uma bolha de sabão e tem essas características de refração e distorção, assim como a luz é distorcida quando olhamos por uma bolha de sabão. Eles fazem isso de uma forma a expandir a espécie, mas mais de uma forma evolutiva, eles não têm a intenção de dominar o mundo de modo maligno, mesmo parecendo muito cruel, eles não têm essa interpretação porque não têm a moral humana, eles são mais instintivos e curiosos, querendo aprender, evoluir, dominar, mas nunca com intuito do poder, mais com instinto de natureza, eles apenas modificam o meio, é um organismo buscando expansão, mas fazem de forma muito agressiva.
Tudo se trata de autoaniquilação. Dra Ventress diz isso à Lena quando ela diz que nem sempre é um desejo suicida, mas sim um sentimento de autodestruição, autoaniquilação, um desejo de se autossabotar, como ela mesma diz, com cigarro, álcool, traição em um casamento feliz. Como Sargento Kane, que ao descobrir a traição da esposa, vai para cada vez mais missões, até que por fim, encontra uma missão suicida. Mesmo que Lena não houvesse entrado no “Shimmer”, só por Kane ter entrado, morrido e um clone ter tomado seu lugar, já teria feito com que essa aniquilação tivesse transformado em uma terceira coisa. Uma nova fase desse casamento, dessa relação nasce a partir do ímpeto destrutivo de Kane. Ainda pode-se ir mais longe, fazendo uma análise na morte de cada personagem:           
Cass Sheppard: a primeira a morrer da equipe de Lena, é quem diz para Lena que todo mundo ali tem problemas e que não tem nada a perder. Ela conta a motivação de cada uma, e diz que seu motivo por ter desistido de tudo foi porque sua filha morreu de câncer. Ela é morta por um urso que por causa de sua mutação, ele replica os gritos de sua morte, assim como o pedido de socorro de sua filha ecoaram nela, e a dor da sua filha a tornou outra pessoa.
< >Anya Thorensen: ao assistir o vídeo da mutação da genética de um dos integrantes da equipe de Kane, ela acredita que todos enlouqueceram, e ela frisa muito que uma das hipóteses é que todos tenham enlouquecido e matado uns aos outros, assim como ela começa a perder a cabeça e se droga, ela perde a cabeça e amarra todos os membros de sua equipe esperando respostas e temendo por ser quem enlouqueceu. Ela morre pelo ataque do mesmo urso, achando que é um grito de Sheppard, ela vai atrás e não pondera a situação, assim como seu vício em droga faz com que ela perca a distinção e a destrói de forma bruta.Josie Radek: Josie se envergonha dos seus cortes, por isso está constantemente de manga comprida. Sheppard cita que Josie não se corta para morrer, mas para se sentir viva, assim como ela se entrega para o Shimmer, não porque ela quer morrer, mas porque ela quer se sentir a partir de algo novo.Dra Ventress: Dra Ventress estava morrendo por causa de câncer, e ela tem inclusive, a morte mais literal, onde ela se torna um tumor gigante que reflete a luz, e dentro desse tumor, o sangue de Lena se divide em células e ali cria uma nova vida. Sargento Kane: ele não se reconhece mais, não reconhece mais sua relação com Lena, então quando ele morre, outro ser toma o lugar dele, que era o que ele já sentia que vinha acontecendo de forma metafórica. Lena: ela é a única que entra no Shimmer porque precisa de respostas no mundo externo, então é a única que de fato sai.
Entre muitas interpretações dos simbolismos do filme, podemos ver um reflexo de nós mesmos em colonizações e invasões. Até hoje não conseguimos conhecer um novo povo e o deixar agir como é, precisamos interferir em sua dinâmica, precisamos nos fundir em aspectos culturais e raciais, e assim duas sociedades, fazem do caos nascer algo novo. Mas diferente de nós, o alienígena percebe que está sendo hostil, e para não ser destruído, ele se insere em um plano para se camuflar. Podemos perceber que toda a narrativa nos coloca dentro desse plano para ser mais afável à humanidade. Quando eles fazem o clone de Kane, Lena entra no Shimmer e seu DNA se mistura ao do alienígena, tornando assim um ser novo, e então, eles podem se infiltrar no meio da humanidade sem serem hostis. Eles permitem que os humanos tenham a sensação de conquista com a destruição do que era algo como seu laboratório, e assim eles podem observar mais de perto, sem brutalidade de ambos os lados, já que cada vez mais os humanos enviavam equipes com mais poderio militar.
            Podemos finalizar essa análise também com a metáfora do câncer. Essa raça alienígena está crescendo e se apoderando da Terra, ao tentarmos expulsar esses seres, nós nos destruímos e nos fundimos a eles, nós o alimentamos e morremos na tentativa de vencê-los, assim como o corpo tenta combater as células cancerígenas. Ainda temos a tatuagem da Lena, que é feita após seu DNA se combinar ao DNA dessa espécie alienígena, ela passa a ficar em constante evolução, constante mutação, assim como as flores do início do filme. Essa tatuagem é um ouroboros, a cobra que eternamente come o próprio rabo, e ao final de cada ciclo, de cada destruição, nasce algo novo.




Análise e explicação de Annihilation
Published:

Análise e explicação de Annihilation

Published:

Creative Fields