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Livro de Artista | Perpetuus Præsens

No âmbito da Unidade Curricular de Cultura da Edição do mestrado em Práticas Tipográficas e Editoriais Contemporâneas, da Faculdade de Belas-artes de Lisboa, o desafio que nos foi proposto desde o seu princípio remetia para a concepção de um Livro de Artista. Um objecto-livro que nos transporta para o mundo íntimo dos pensamentos daquele que o constrói. Sendo uma plataforma que torna visível todo esse procedimento faseado. Primeiramente, para que este possa ser visto como tal, foi-nos mostrado algum trabalho dos artistas contemporâneos que mais têm marcado o panorama da arte. 
 
 
Tudo isso foi tomado em linha de conta de modo a que pudéssemos criar novas referências com que nos colocassem mais maduros visualmente, de modo a possibilitar-nos a criação de futuros trabalhos que nos fizessem saber ser capazes de sair da nossa zona de conforto, extrapolando a ideia de livro como livro, abraçando o conceito de que basta ter as ferramentas ideais para a criação de algo concreto, pertinente, inesperado e reflexivo.

Seguindo esta estratégia e raciocínio, o projecto que tenciono realizar explora a ideia de arquivo, que tão plenamente se espraia em inúmeras bibliotecas e acervos pelo mundo fora, como forma de perpetuar a memória de um acontecimento ou de uma vontade que se faz visível através da obra, seja ela artística ou não. Como seria de se esperar, são as inquietações pessoais que servem de alavanca para todo o pensamento conceptual. E este insere-se nas questões da perenidade da memória ao ser, por exemplo, inscrita sobre a pedra. Ao fazê-lo, a memória terá que ser pertinente e coerente de modo a que não seja desperdiçado um recurso natural tão precioso, sério e raro.
 
 
Não obstante, o recurso idealizado para a consumação desta empresa é precisamente o mármore de Estremoz que garante uma apresentação pura e preciosa, em função da inscrição que caracteriza e identifica o autor e o título da obra Perpetuus Praæsens, ou seja, Presente Perpétuo. Essa estrutura pétrea tem como objectivo enaltecer o conteúdo de um poema escrito por mim, como se este se tratasse de uma espécie de relicário de uma mensagem condigna e merecedora de ser transmitida às gerações vindouras. Uma mensagem que gira em torno das características da condição humana que por vezes tão bem olvidamos durante o quotidiano que nos apressa e desliga da nossa essência. Por um lado, é aqui abordado metaforicamente a temática da glória humana e, por outro, a sua brevidade, numa tentativa de a tornar perene a partir do próprio objecto que servirá de testemunho à ideia inicial deste projecto de perfil mais experimental.

Sendo que esta é uma temática bem patente nas gerações que me antecederam, mas também o é naquela em que vivemos. E a citação que tão bem consegue circunscrever este processo de um pequeno encabeçado em cima do ombro dos gigantes é a frase: Vita brevis, Ars longa. Como quem diz, A Vida é breve, a Arte é longa. neste caso, com a ajuda de um canteiro e cinzelador que ajudam a tornar possível esta realidade anteriormente por mim imaginada. O tipo de letra aqui empregue é proveniente do trabalho realizado por mim noutra Unidade Curricular do mestrado. Uma fonte tipográfica de seu nome Manoel Display Romano cujas características são ideais para aplicações de grande formato tais como, cartazes e títulos.
Livro de Artista | Perpetuus Præsens
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Livro de Artista | Perpetuus Præsens

Explora a ideia de perenidade da memória inscrita na superfície do mármore, cinzelada a partir de uma fonte tipográfica que concebeu.

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