“A água, o solo e o manto verde da Terra – manto este composto de plantas – integram o mundo que sustentam a vida animal à superfície do nosso globo. Embora o homem moderno raramente se lembre do fato segundo o qual ele não poderia existir sem as plantas, esta é a verdade: são as plantas que captam a energia do Sol e fabricam as substâncias alimentares básicas, de que o homem depende para viver” (Carson, 1969)
Com as palavras de Carson (Primavera Silenciosa) eu apresento brevemente o meu Trabalho de Finalização de Graduação em Arquitetura e Urbanismo (2019)
O trabalho final de graduação de curso veio com o desejo de reaproximar o campo da cidade através da Agricultura Urbana, quebrando a questão de produção em grande escala, voltando a colocar o alimento como um bem da segurança alimentar e não mais como uma simples fonte de lucro, uma mercadoria. Cultivar alimentos em solos urbanos de forma consciente e sustentável sem o auxílio de agroquímicos, ou seja, produtos orgânicos. Trazer para as pessoas o contato com o alimento, o prazer de preparar pratos com produtos frescos, sair da cultura do fast food.
O objetivo era criar um espaço por meio da arquitetura que forneça conhecimentos práticos e teóricos para que a população urbana possa ser futuros produtores urbanos, gerando uma alimentação com diversidade de produtos e qualidade. O outro lado da moeda é a incrementação da renda familiar com o excedente da produção.
A intenção foi de provocar o desejo de criar a autossubsistência alimentar nas cidades, e assim criar uma independência do sistema agrícola tradicional convencional, onde há um grande incentivo à monocultura de commodities visando o comércio internacional, e, a independência do sistema modal rodoviário.
O movimento começa agora!
O alimento é o combustível necessário para que possamos desempenhar nossas funções e atividades. O aumento constante da população urbana leva a atenção especial para nosso sistema de produção de alimentos, hoje a cadeia produtiva alimentar está cada vez mais distante, poucos são os casos de relação produtor/consumidor. Se o nosso sistema rodoviário entrar em colapso, o que teremos é uma falta no abastecimento, principalmente o alimentar.
Esse trabalho teve como objetivo geral estimular a produção local de alimentos por meio da agricultura urbana, criar um elemento arquitetônico, com paisagismo funcional, voltado para educação, capacitação e desenvolvimento social, que contemple a partir da elaboração de um plano de necessidade que corresponda de forma lógica e eficiente as atividades responsáveis pela prospecção da agricultura urbana na cidade.
Os objetivos específicos referente ao trabalho foram:
- Promover um equipamento de desenvolvimento, capacitação e educação relacionado à agricultura urbana;
Elaborar percursos com ciclofaixas, pelos bairros estudados, servindo de rotas de abastecimento com transporte alternativo (Bicicletas);
- Desenvolver ateliês para realização de atividades práticas de agricultura urbana;
- Propor um local para armazenamento dos produtos cultivado pelo Centro de Desenvolvimento de Agricultura Urbana;
- Projetar um restaurante popular com o cardápio baseado na produção local, com alimentos frescos de ótima qualidade;
- Recuperar um pequeno trecho do curso d’água que corta a Zona Sul de Poços de Caldas - MG(córrego Vargem de Caldas);
- Elevar a consciência ambiental e alimentar da população da Zona Sul de Poços de Caladas - MG, e;
- Estimular a produção local de alimentos pela população;
Foi elaborado os seguintes mapas através dos estudos da área a ser explorada
Após a caminhada de pesquisas e estudos chamei atenção para a relação que o homem possui, nos dias atuais, com sua cidade e seu alimento. A distância entre o campo/cidade é longa e árdua, perdemos muito no caminho, tanto em relação a qualidade dos alimentos frescos, quanto as questões sociais. O alto valor do produto para o consumidor final e a falta de contato entre o produtor e o consumidor (comida não é um artigo de luxo que podemos viver sem, é uma necessidade vital)
O projeto o qual seria desenvolvido fortalece a produção local de alimentos, levando uma ferramenta de conhecimento para que a população seja capaz de se tornar um agente transformador do seu meio, sendo pequenos produtores urbanos, e alcançando a sua sustentabilidade alimentar e financeira.
O conhecimento é uma semente lançada à terra que deverá ser cultivada pela sociedade civil para que ela cresça, floresça e que a sociedade possa colher frutos de ótima qualidade, que darão novas sementes para as próximas gerações.
