O banheiro da casa do Vovô era grande e todo verde. Azulejo verde, vaso verde, cortina verde e banheira verde. O que não era verde era a luz que entrava pela janela e batia nas conchas. Lindas conchas, grandes e rebuscadas, que jaziam ali, ao lado da banheira.
A menina pegava as conchas e se encantava com o barulho do mar: pensava na poesia de trazer junto a si suas raízes. Assim, a água da banheira virava mar e o banheiro verde virava por inteiro praia; e a menina brincava em suas ondas.
Cresceu trazendo junto a si suas raízes praianas e aprendendo com as conchas que o bom é relembrar brincando.
Seu fascínio pelas conchas cresceu tanto que seu avô lhe presenteou com uma delas lhe contando que ela fora a casa de alguém, um lar que o recolhia e que agora a protegia.