Qual o peso que uma pessoa só pode ter no mundo? Qual o peso que Nelson Mandela pode ter no mundo? Quanto pesa a crença? Quanto pesa a liberdade?
Nelson Mandela morreu a 5 de dezembro com 95 anos. Foi a sua hora de fechar os olhos e descansar eternamente depois de muito trabalho na luta pela liberdade e pela igualdade do homem. Mandela era mortal, já a sua luta permanecerá imortal. Travou-a tanto a nível pessoal como colectivo contra aqueles que não queriam ver a igualdade dos homens perante os seus olhos. Essa luta valeu-lhe a prisão e o trabalho forçado… valeu-lhe um sol mais pálido no céu, valeu-lhe uma vida com menos cor mas nunca com menos objectivos. Diziam que era um pouco egocêntrico, mas se não houver um pouco de egocentrismo nas nossas crenças terão elas poder? Para Mandela ser egocêntrico não era idolatrar a si mesmo mas sim idolatrar uma causa, um ideal, uma atitude que ele considerava ser a mais justa. Afinal o que significa a perda desta figura que garante agora um lugar de destaque junto de outros líderes históricos?
Significa perda e renovação. Há uma linha entre o bem e o mal – essa linha é a crença. A vida de Mandela foi e é uma lição de vida que caminha perseguindo uma crença e ninguém na terra, actualmente, consegue superar essa lição de vida. A morte de Mandela não deixa de ser igual à morte de um comum mortal, mas perde-se um exemplo para quem cá ficou: o exemplo de que a força de vontade de um só ser humano é capaz de mover a crença preconcebida do que é o bem e do que é o mal. Madiba ensinou o povo sul-africano a caminhar na mesma direcção, ensinou que podemos ser negros, brancos, amarelos, mas que perseguimos as mesmas crenças e não deixamos de ser diferentes uns dos outros – as diferenças não podem impedir uma nação de viver em harmonia. Um só corpo, uma só mente, um só manifesto ensinou homens a caminharem juntos mesmo sendo diferentes. Ensinou também os homens a terem coragem para lutar, a nunca desistirem. Esta perda leva a uma renovação: é fechado um capítulo da história que continuará a perdurar na mente de cada um de nós.
Perder Mandela significa ganhar esperança: perceber que o tempo vai continuar a passar e novas crenças surgirão. Por todo o mundo se chora a morte do nobel da paz, por todo o mundo se homenageia a liberdade como obra. Morreu quando tinha de morrer, ressuscitou na mente das nações. Perder Mandela é perder alguém que ninguém conseguirá substituir, talvez muitos anos passarão até aparecer alguém que, sozinho, mude o mundo para o lado do bem, mas fechemos os olhos para ver esperança. Caminhamos sozinhos mas isso não nos impede que caminhemos unidos.
