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SOMOS APENAS PEÕES EM UM TABULEIRO DE XADREZ

SOMOS APENAS PEÕES EM UM TABULEIRO DE XADREZ
A diferença entre passado, presente e futuro é apenas uma persistente ilusão” É com essa citação de Einstein que a série “DARK” começa e é com ela que eu dou início a esse texto.

DARK é uma séria alemã da Netflix que fala sobre viagens no tempo. Na verdade, é simplório demais falar que é apenas sobre isso que a séria retrata. Além disso, ela aborda questões filosóficas — como Nietzche, Arthur Schopenhauer e Friedrich Ratzel -, históricas, teorias físicas sobre o universo, cristianismo, determinismo, livre-arbítrio, mitologia grega, simbolismo, literatura e Shakespeare.

Diferente de muitas sérias que apenas transmitem referências e entretenimento de forma passiva, DARK exige um receptor curioso, sedento de informações e com um repertório de conhecimento um tanto quanto exigente.

Dentre os temas que DARK aborda, está a questão do determinismo e livre-arbítrio dos personagens, onde a série se inspirou no conceito do “Eterno Retorno” de Nietzche. De forma resumida, todas as personalidades dentro do contexto da série vivem em um ciclo temporal, onde tudo já está determinado, pois tudo já aconteceu e vai continuar acontecendo, de forma infinita.

Pensando desse jeito, como haveria o livre-arbítrio se tudo já está escrito, determinado por causas externas e longe do nosso alcance? No caso, não existe!

Na ciência, existe uma vertente que estuda essa questão de que tudo, inclusive nosso futuro, já aconteceu e não existe nada, nenhuma liberdade nossa para mudar isso. Um exemplo que a série dá é quando o personagem principal decide tirar sua vida, mas não consegue, pois ele mais velho já existe, sendo assim, ele não pode morrer naquele momento.

“Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela…”, diz Nietzche.

Fazendo uma comparação com o filme “Interestelar”, quando Cooper decide fazer algo para impedir sua ida à viagem pelo espaço, ele encontra um lugar no espaço-tempo onde tanto o passado, presente e futuro coexistem. Em uma tentativa de mandar uma mensagem para seu eu do passado para impedir sua saída, ele acaba sendo a causa de sua partida. Sua ação é a causa e a consequência da mesma. Toda ação que ele tomou, já tinha sido tomada por uma versão mais velha, portanto, não poderia ser mudada.

Nós humanos estamos sempre buscando responder três perguntas básicas: de onde viemos, para onde vamos e o que estamos fazendo aqui. Pensando nessa filosofia de que tudo já está determinado pois tudo já aconteceu, qual seria o sentido da nossa vida? O que eu faço ou deixo de fazer, muda algo?

Como minhas ações interferem no meu futuro se ele já existe? Se eu tivesse a chance de ver meu futuro ou passado, aquilo mudaria algo ou estaria dentro de uma cadeia de acontecimentos que já estava prevista? Você ler esse artigo, muda o seu eu do futuro ou ele só existe porque você está lendo esse texto?

Como sobreviver a essa falta de sentido? Ao niilismo? Como justificar uma existência sem valores e direção? Como entender a vida em sua plenitude se ela é apenas uma peça dentro de um jogo muito maior?

Talvez eu e você de agora não saibamos, mas em algum lugar do espaço-tempo existe uma versão sua mais velha que já tem essa resposta.
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