Ciano

Hoje eu acordei
Nasci
Morri
Dormi
Passeei
Levantei

Fiz um café
Comi
Chorei
Não aguento
Mas continuo
Sem esquecer
Sem morrer

Lágrimas azuis
Em meus olhos
Em minhas almas
Desmonto sem remorso
Âmago

O quê faço aqui?
Inútil
Sem futuro
Sem espaço
Sem tempo
Sem sonho
Sem sorriso

Estamos apenas
Apenas
Apenas
Apenas.
Apenas..
Apenas…
………..

Mentiras próprias
Não acredito nem em meus pensamentos
Nem nas mentiras dos outros
Tristeza?
Mentiras
Cegueiras
Terceiras

Estou sozinho
Laços cortados
Mentes dispersas
Pratos montados
Prestes a cair
Desmoronar
Minha mente
Sobe e sobe
E sobe
E sobe
E sobe
E sobe
Sobe sobe
Até cair
Destruir
Sem mentir
Sem dar tchau
Cinza

Penso
Logo existo
Penso logo existo
Mas não vejo meu rosto
Mas não vejo minha alma
Nihil
Oblívio
Espírito
Penso
E penso
E
Penso
Penso e penso
Existo
Existo?
Minto
Sinto
Existo?
Maldição
Da humanidade
Oblívio
Nihil
Mentira
Maldita
Deus
Por que?
Oblívio
Nihil
Além de mim
Vazio
Nihil
Dentro de mim
Carne e sangue e tripas e ossos e nervos e músculos e órgãos e tudo mais
Depois e antes
Oblívio
Esquecimento
Amaldiçoamento
Se seguro dentro
Universo
Pensamentos e Nadas
Corpo
Poço de medos
Poço
Morro
Esqueço
Tremo
Medo
Morro
Mas estive vivo?
Estava vivo?
Não morrer sem
Não viver sem
Gritos
Choros
Me matem
Me estripem
Me desossem
Me esqueçam
Nada além
Minha mente
Minha mentira
Visão
Maldição
Humanidade
Dourado

Honra
Me diga, jovem
O que é honra?

Honra
Coragem?
Virtuosidade?
Moralidade?
Piedade?
Força?
Conhecimento ou sabedoria?

Honra
Uma caveira dourada
Que mascara um rosto
Sem rosto
Um pesadelo
Escondido por quilates
Pesados
Marcados

Serpentes se arrastam
Mamba negra
Mentindo
Sobre uma maçã dourada
A fonte
Do conhecimento
Sabedoria
Força
Coragem
Virtuosidade
Moralidade
Piedade
………..
Honra

E assim
Humanidade expurgada
Destruída
Largada
Por Deus
Pela honra mentirosa

Buscamos a mentira até hoje
Monges
Padres
Podres
Loucos

Cada um tem sua honra
Sua mentira
Sua loucura
Sua lei
Perdão

Trair
Humanidade
Amizade
Amor
Si mesmo
Por uma mentira
Pela honraria
De ser honrado
Pela honra
De mentir
De morrer
De esquecer
Magenta

Meu amor
Minha perdição
Meu coração
Meu sangue
Minha loucura
Minha morte

Não me abandone
Não permito
Não recito
Eu te crio
Você aceita
Rejeita

Me consuma
Eu te amo
Por favor
Eu imploro
Eu te adoro
Eu te odeio
Fraquejo
Manejo
Choro
Imploro
Eu te amo

Você é meu mundo
Meu tudo
Fico mudo
Sem ti
Fique comigo
Eu preciso
Eu necessito
Eu imploro
Eu mando
Eu comando
Eu choro
De ódio

Acorde comigo
Durma comigo
Coma comigo
Ria comigo
Sinta comigo
Chore comigo
Sangre comigo
Morra comigo
Viva comigo
Eu imploro

Não vivo sem ti
Apenas morro com ti
Preto

Em um dia
Uma tarde
Estava chovendo
Ou nevando?
Estava frio
Nevoento
E na janela
Aparece um espectro
Preto
Como a noite
Como o esquecimento
O corvo
Olhava para mim
Para meus olhos tristes
Com desesperança
Após ter o amor abraçado
Pela própria morte
E com sua voz
De gralha
Garguejada
Grossa e estridente
Falou para mim
Falou para minha alma

Não te acanhes
Ó senhorio
Pois a morte
Mesmo decrépita
Mesmo aceira
É de pura asseidade
E tua própria asnidade
Protege tua sanidade
Pois a morte
Abraçastes o amor
Não por vingança ou por regozijo ou ciosidade
A morte é o coriceu de vossos coreutas
E vossa carraspana não nos defende do doce beijo do fim
E podeis atoardas para todo o mundo sobre vosso coriceu
Mas uma coisa é certa
A morte nunca desapurar vossas vidas
Nunca ignorar vossas necessidades
Eu entendo teu descalabro
Pois eu mesmo descalabrei muitas vezes durante os séculos e milênios e eras passadas
Nunca minhas emoções se foram ou diminuíram
Do contrário
Amargaram mais e mais
Mas nunca me tornei dessiso ou criei uma estacada em minha própria mente
Mas tu estás a tornar-te lunático
Desesperançado
Mas não deixe-se abater
A vida, sim, é pérvia, e se dá a perecer em vossos braços antes de criarmos orgulho de nossos atos
Mas a morte não é nenhum sicário
E se importa com vossos natos
Com vossas vidas
E não irá vir a coitar nossa existência
E nem pretende magoar nossos amados
Mas sim a superar nossa depressão e melancolia e dor
Transforme-a
Construa-a
Pois a dor é a mais profunda das sensações humanas
E a dor da morte, a mais dolorida, por saber que esteja acabado, para sempre
Então foque-a e supere-a

E assim como entrou
A aparição
Desapareceu
E com minha mente confusa
Sem entender como um corvo pode ter repertório tão longo e antigo
Minha alma se via em descanso
Pois sabia onde focar a dor da morte do meu amor
Cores
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