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Série: Deserto Fértil

Deserto Fértil
Série autoral. Todos os trabalhos foram feitos em nanquim, aquarela preta e caneta esferográfica, sobre papéis A5.
Testemunho, 2021.
Eco, 2021.
Paisagem Desértica, 2021.
Envolta em terra,
Imersa em chão,
E viva.
Outrora farofa do sufoco, a sequidão da terra fez-se mel inebriante, mimetizado. Doce,
espesso e árido. Escuro.
Minha saliva, irrisória por natureza,
não recua perante a vasta duna e deglute eficiente o volume que ingere a
Fome voraz. Granulação terrosa - um banquete. Devoro insaciável, suficiente, satisfeita. Durante e enquanto. Constante.
Cadência interativa ritimada. Durante e enquanto, eu me envolvo. Constante.
Cobrindo a terra e coberta dela, suja e banhada, encardida, crua e limpa. Minhas presas secas, expostas na boca, felizes num riso potente, riso do coração em chamas, bote preparado, defesa quente, vívidamente em xeque.
Ó deserto estéril, meu parque sem brinquedos,
Perder-me em tí é o todo, acessar-te me faz criança.
Ó horizonte sem fim de peças. Seus grãos são peças, úteis e possíveis, deles ergo e destruo estruturas. Pó de chances, o nada como base pra tudo e qualquer coisa, à oportunidade da junção - pra mim dispostas. Me utilizo de sua natureza, torno-a minha, torno-me ela, gratifico e consagro a ação. Interagir.
Eu viva sou o todo evento que o deserto precisa. O infinito é convite contínuo, não intimida, inflama.
As beiras minha vista não alcança - todo palmilhar é processo sem chegada. Processo e ato doce. Processo e lar, e corpo, alimento farto, e fezes, e umidez, secura, gozo, sangue, pele, berço, cova, eu e todo mundo.
Da boca do oráculo não me interessa nem o segundo seguinte. O tempo pra mim já passa, seu curso é via, constante.
Moldo, deformo, readapto, imerjo e emerjo em terra, aconteço. Gravidade força motriz, solo palco de ações, avante Vontade, estou em casa.

Série: Deserto Fértil
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