Após perder os pais, e tendo sua noiva mudado de ideia a respeito do futuro do relacionamento entre os dois, um jovem contador de Cleveland ruma, de trem, para Machine, em busca do que, supostamente, ainda espera por ele: um cargo na Dickinson Metalworks. Mas o fim da linha e a forja do metal fariam de sua vida um inferno.

 

 

Mesmo sem dizer palavra a respeito, é pelos olhares lançados lá e cá no início do filme, dirigido por Jim Jarmusch, que a trama evidencia o quão fora de lugar se encontra William Blake no Velho Oeste americano - e, talvez, na vida. Quando, baleado no coração e foragido, ele, por acaso, recai sob os cuidados de Ninguém, um nativo norte-americano criado forçadamente por homens brancos, que o tem na conta de alguém que é mais que homônimo do poeta inglês, Bill se transforma apenas no momento em que compreende e aceita sua jornada. Guiado espiritualmente por Ninguém, William Blake se torna tanto mais forte e vivo quanto mais próximo de sua morte anunciada. Sutileza na trama de um filme do gênero Western é, certamente, algo, no mínimo, inusitado. A combinação, um vento quente, te levará a sentir que, para viver com alma, é necessário dar-se bem com o fim.