Memórias de família: trabalho, devoção e festa

Mostra Virtual Temática

Com uma série de atividades programadas para o ano de 2020, o coletivo Santo de Casa - Figureiras de São José, formado por artesãs da arte figurativa com o barro, diante da necessidade de isolamento social determinado pela crise sanitária, se viu obrigado a adiar os encontros, as vivências, as oficinas e as reuniões presenciais regadas a muito café e boa conversa.

Em função do aprofundamento da crise, e em razão da maioria das integrantes do coletivo pertencer ao grupo de risco para a Covid-19, o grupo propôs uma ação emergencial denominada “Quarentena Criativa – Modelando Figuras e Tecendo Memórias”. De suas casas, as artesãs figureiras criam figuras de barro a partir de suas referências culturais, abordando temáticas variadas propostas coletivamente; registram por meio de aparelhos celulares o processo criativo e o produto resultante de seu fazer artesanal; e divulgam em suas redes sociais, compartilhando conteúdo cultural de forma virtual.

A ação se prolongou durante o ano todo e foi se constituindo em metodologia de Inventário Participativo, ferramenta por meio da qual o próprio grupo busca identificar e valorizar seus indicativos de memória, atuando como protagonista no processo de construção de conhecimento acerca de seu patrimônio cultural, associando a ele elementos como território, convívio e afetividade.

A mostra virtual Memórias de família: trabalho, devoção e festa apresenta um recorte temático representativo dessa produção que remete às vivências familiares - a pescaria, a paisagem rural, a natureza, o cotidiano e os ciclos da vida marcados pelo trabalho, pela devoção e pelos encontros festivos e afetivos.

Convidamos a todos e todas a conhecer a produção e os processos de criação das artesãs figureiras de São José, que seguem em “Quarentena Criativa”, modelando histórias e inventariando memórias.

Equipe Gestora - Santo de Casa

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Cristina Quintino

Nascida em São José dos Campos/SP, Cristina Quintino passava parte de sua infância na casa de seus avós, na zona rural de Paraibuna/SP. Dessa época, lembra-se de sua avó Antônia modelando figuras para montar o presépio com o barro retirado do rio, enquanto seu pai e seus tios pescavam na represa.

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Aurora Brasil

Mineira de Paraisópolis/MG, Aurora retrata a paisagem rural de sua infância e juventude: o trabalho dos irmãos e a casa onde nasceu - conta ela que gostava de pintar as paredes da casa fazendo barrados de flores. Expressa sua devoção e fé cristã modelando santos e terços.

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Francisca Santos e Fátima Santos

Francisca e Fátima são joseenses e pertencem ao Núcleo Familiar Lili Figureira - Maria Benedita dos Santos, a matriarca que se tornou referência como artista popular, brincante e mestre da cultura viva, sendo reconhecida no Vale do Paraíba e também em âmbito nacional. Filhas de D. Lili, as irmãs cresceram em áreas rurais da cidade vendo a mãe e os irmãos criarem figuras de argila; na época, a matéria-prima era retirada pelo pai no leito do rio Parangava.

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Luciana Melo

Natural de Belo Horizonte/MG, Luciana Melo conta que ainda criança costumava acompanhar os adultos na tarefa de buscar água nas minas que existiam perto de sua casa; nas bordas dessas minas encontrava-se argila - fonte de muitas brincadeiras e modelar era a sua preferida. O barro seguiu sendo matéria-prima presente em sua trajetória artística, marcada por forte influência do barroco mineiro e das festas e santos populares, com suas folias de reis e do divino.

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Mirna Tominaga

Paranaense de Paranavaí-PR, Mirna considera suas primeiras referências de aprendizado seus pais – a mãe, com quem aprendeu a modelar o barro e até hoje é sua inspiração no processo de criar; e o pai, “desenhista de mão cheia”, ensinou-lhe a usar as cores com harmonia. Na modelagem, tem paixão por pássaros, apitos e carpas; e na escultura, por santos e anjos.

Sobre o Ponto de Cultura Santo de Casa – Tecnologias Populares

Desenvolvido por um grupo de tradicionais artesãs figureiras, por iniciativa de agentes culturais de São José dos Campos/SP, o projeto Santo de Casa surgiu em 2010 a partir da necessidade de se estimular o escoamento da produção de figuras de barro, promover o consumo consciente do valor simbólico agregado e, visando a valorização e continuidade do fazer cultural, estimular a transmissão e a troca de conhecimentos construídos na prática artesanal. Ao longo de sua trajetória, o projeto vem se consolidando em um plano de salvaguarda da tradicional arte figurativa do Vale do Paraíba paulista.

Ficha Técnica

Curadoria Coletiva

Figureiras de São José

Expositoras

Aurora Brasil . Cristina Quintino . Fátima Santos . Francisca Santos . Luciana Melo . Mirna Tominaga . Núcleo Familiar Lili Figureira

Mediadoras

Elaine Coelho . Ester Quadros . Pércila Silva

Imagens

Arquivo Santo de Casa

Arte Selo Comemorativo

Lab@rt – Coletivo de Ideias e Vado Pimenta

Fev.2021

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