Masterplan PIU Lapa

Orientadores: Cássia Regina Mariano e Marcelo de Mendonça Bernardini
Equipe: Ana Carolina Terao, Ana Cecilia Suyama, Carolina Oikawa, Catharina Clemente, Gabriela Okamura, Matheus Ippolito e Natália Nanni Fróes​​​​​​​
No estudo do território contido nesse perímetro da região da Lapa, em São Paulo, suas características foram analisadas, para que se pudesse fazer um projeto de intervenção urbana condizente com as necessidades do local. Algumas dessas características apontadas foram a grande recorrência de enchentes, a ausência de áreas verdes e a consolidação de parte do território. No entanto, o ponto que recebeu maior destaque na análise foi a presença das duas “cicatrizes urbanas” nessa região, compostas pela linha ferroviária, cortando o tecido urbano e formando uma barreira física norte-sul, e a presença do viaduto (barreira leste-oeste), passando por sobre a primeira, criando poluição visual, espaços residuais abaixo dele, e múltiplas vias de acesso, as quais priorizam os carros e fazem uma cidade menos favorável aos pedestres.

A partir dessas “cicatrizes urbanas”, foram criadas as diretrizes de maior relevância e mais estruturadoras desse projeto: o afundamento da linha férrea e o desmonte do viaduto. A linha férrea foi deslocada para o subsolo, com redução da largura do leito ferroviário, cujo tamanho era maior do que o necessário, liberando espaço para adensamento nos terrenos adjacentes aos trilhos (e possivelmente por sobre os trilhos), assim como espaço para parque, onde foi previsto um grande parque linear, servindo como infraestrutura verde e equipamento de lazer para a população. Essas diretrizes também possibilitam maior conectividade entre os espaços dessa região, proporcionando travessia da linha férrea no nível térreo e a continuidade de ruas que antes eram interrompidas.
O sistema de transporte público se renova com o afundamento das linhas Rubi, Esmeralda e Diamante da CPTM, além da proposta da Linha Rosa de metrô. O terminal de ônibus se mantém em uma proposta maior de conexão com a cidade através do parque linear sobre os trilhos. O fluxo que antes se dava pelo viaduto é transformado criando um sistema continuo de fluxo de carros em modo circular na nova Rua Comendador Elias Nagib Breim e na Rua Tenente Landy. O alargamento das calçadas da Rua Tenente Landy, se deu a partir do potencial caráter comercial da rua, incentivado nesse projeto urbano, já que, a partir do rebaixamento dos trilhos, ela passa a ser a continuidade da Rua 12 de Outubro, a qual já atrai um grande público com seu comércio.

O parcelamento do solo acontece de forma distinta em cada parte do território. Na parte ao sul dos trilhos, a qual é mais consolidada, com edificações de gabarito baixo, majoritariamente sobrados, definiu-se um C.A.  máximo de 2 ou 3, na intenção de realizar um adensamento que não contrastasse de maneira muito intensa com o seu entorno. Já na parte sobre os trilhos e ao norte deles, optou-se por um adensamento um pouco maior, com C.A. máximo de 4, devido ao seu maior potencial de transformação. Nas quadras lindeiras à Rua Tenente Landy e à Avenida Ermano Marchetti, foi liberado um gabarito máximo mais alto que do resto do território, já que essas são vias mais largas, permitindo prédios mais altos sem desconforto de quem está na rua.

Como essa é uma área onde ocorrem muitas enchentes, houve também o foco na implantação de infraestrutura verde para suavizar esse problema e para contribuir com a qualidade da paisagem, qualidade do ar e redução das ilhas de calor. Além do parque linear sobre os trilhos, foram previstas novas áreas permeáveis e pocket parks, a abertura de um trecho do córrego Tiburtino e uma nova lagoa de retenção, rodeada por vegetação. Nas ruas, foram implantados sistemas integrados de drenagem, os jardins de chuva e as biovaletas, os quais atuam na limpeza e drenagem das águas.

Os edifícios do Mercado Municipal da Lapa e da Antiga Estação Ciência são renovados e reestruturados com novos usos. O mercado se mantém em uso e ainda recebe um novo entorno com um respiro maior ao seu redor, inclusive com a implantação de uma praça seca e conexão com o parque linear da antiga linha férrea.  A implantação de equipamentos complementares é com incentivo ao comércio de fachada ativa, fruição e parte de adensamento populacional.

A fruição pública e favorecimento do pedestre foram questões trabalhadas no projeto, sendo vistas nos desenhos das novas edificações, muitas das quais permitem deslocamento do pedestre por meio da quadra, onde há áreas verdes e comércio no nível térreo, proporcionando fachada ativa. Outras intervenções de favorecimento aos pedestres, em detrimento do automóvel, são a implantação de travessias elevadas, lombofaixas e mobiliário urbano e o alargamento de calçadas.

Masterplan PIU Lapa
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